Por Noemi Machado
Quinta feira pré-carnavalesca regada a muito rock. Foi o que o Rio Novo Rock ofereceu aos que ainda não estavam (se é que estarão) no clima samba, suor & cerveja. Bom, a cerveja, tinha.
A Cândido surgiu de forma tímida no palco, mas visivelmente deslumbrada por estar em um dos eventos mais importantes da cena carioca. Extraindo alguma segurança no público cativo que estava presente, a banda começou confiante, mas ao primeiro problema técnico, já balançou e acabou perdendo um pouco o rumo. Ao longo da apresentação, eles foram retomando o entusiasmo. A banda tem um som bacana, genuinamente jovem, e Pietro Santos (vocal) jorrava alegria no palco, com muita agitação e dancinhas à la Renato Russo. Mesmo assim, ficou a impressão que eles precisam se preparar mais adequadamente para shows de melhores estruturas técnicas - diferente dessas que lhes são oferecidas no submundo do rock. A banda ainda abriu cena para alguns convidados especiais, como por exemplo, a participação de uma violinista (pena que só não deu para escutar o violino!). O apoio da galera, principalmente na última música, "Depois do Cinema" (cantada pelos mais animados) pode ter dado a impressão de dever cumprido para o grupo - pero no mucho, meninos. Ainda bem que o tempo é generoso, e a Cândido tem tudo para crescer muito mais.
Foto: Guilherme Carvalho
A Drops 96 apresentou um show bem preparado, mesmo com uma plateia reduzida - houve uma debandada do público após o show da banda anterior. No abrir das cortinas, uma iluminação casada com o bumbo trouxe uma certa dramaticidade para o ínicio com "Vitrine", que não puxou a galera pra cima de imediato. A banda, que lançou recentemente o seu álbum Busque Mais Vida, mostra um número bem ensaiado, com nada fora do lugar, mas que pode injetar um pouco mais de espontaneidade no cardápio. Com um pop rock que caberia em qualquer programa de auditório numa grande emissora de TV (plim-plim), a Drops 96 é extremamente comercial, tendo entre suas canções, "Sorte", composta por Fabio e Wilson Sideral (autor da chata e indefectível "Fácil" do grupo Jota Quest), que mesmo assim não empolgou muito. Individualmente, os músicos são bons, e o destaque fica para o guitarrista Robson Janser, que dividiu com o baterista Bruno Lamas os momentos virtuosos do show (que com um sample de música oriental e o suporte de um iluminador próprio, Bruno fez talvez o melhor número audiovisual do evento). O vocal soube falar com público - aplacando um pouco a vontade do tecladista Nando Sampaio em mostrar a sua felicidade em estar ali, com os repetidos “foda pra caralho” - mas pecou ao pedir isqueiros e celulares ligados de uma galera não tão numerosa. No final, eles encerraram a boa apresentação com "Palco da Vida", que possui letra e vocalizes previsíveis em qualquer música pop que se preze.
Foto: Guilherme Carvalho
Após um ano e meio com 19 edições, 39 bandas, 19 DJs e um público aproximado de 10.000 pessoas, o Imperator Novo Rock se consolidou como o mais importante evento do rock independente do Rio de Janeiro. É com esse legado, que agora em 2016, o projeto se lança como Rio Novo Rock (RNR). Na nova fase, o evento expande seu conceito, que é apresentar e valorizar o trabalho autoral de novos artistas do rock, e amplia o diálogo com bandas de todo o Brasil.
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