Do hardcore ao metal: saiba como foi o Maximus Festival 2017

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Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Rodrigo Lima do Dead Fish sobe na grade que separa o público do palco
Por Rom Jom

Mesclando do Punk ao Metal a segunda edição do Maximus Festival foi novamente um sucesso. A escolha das bandas, que mais uma vez foge do convencional de bandas mainstream de festivais, conseguiu juntar um público bem heterogêneo no imenso Autódromo de Interlagos que pode não só curtir diversos estilos de música mas como a estrutura que contou com muitas lojas, food trucks, workshop de instrumentos (alguns disponíveis para o público tocar), muitas estruturas metálicas com o tema do festival para foto (algumas contavam com modelos vestidos ao estilo “Mad Max”), os horários dos shows podiam ser gravado no corpo como uma tatuagem temporária, decorações sombrias (sinistras até) que lembravam artes de cds de metal da década de 80 bem sombrios e até um cemitério dos rockers no caminho do palco Thunderdome com cruzes trazendo o nome de artistas mortos como os Ramones, Amy, Lemmy, David Bowie dentre outros. Apesar de toda a estrutura um problema ainda persiste desde a edição anterior (que foi relatado aqui na primeira edição) sobre os banheiros químicos, o feminino em especial, onde se formam filas imensas por conta do número bem reduzido e o festival possuir apenas uma entrada/saída bem distante dos palcos principais causando congestionamento as vezes na circulação do público. Porém este não abona o fato do festival ter sido excelente e funcional. Mas o que rolou foi muito som bom! Vamos contar um pouco do que vimos:
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Pennywise fez um show concorrido no Palco secundário do Maximus Festival
O festival possui três palcos Maximus e Rockatansky (que ficam lado a lado) e Thunderdome que fica um pouco mais afastado dos gigantes principais – lembrando que todos os shows foram pontualíssimos. Este último trouxe um “mundo a parte” abrigando, como muitos disseram, um Festival de Punk e Hardcore particular – muitos presentes vieram somente para este palco - com bandas como os capixabas do Deadfish – que como sempre comandaram muitas farpas políticas com sons já conhecidos como “Proprietários do Terceiro Mundo”, “Afasia” e “Sonho Médio”, o punk rock melódico dos canadenses do The Flatliners, os já conhecidos em terras Brasileiras, Pennywise que fez um verdadeiro show de punk com todos seus clássicos (que tambem teve até espaço para uma homenagem aos Ramones com “Blitzkrieg Bop”) que incluíram “Wouldn,t It Be Nice”, “Peaceful Day”, “Alien” e finalizaram ao som do coro de “Bro Hymn”. E fechando os trabalhos deste palco tivemos a apresentação enérgica (e que energia) do Rise Against que não pouparam esforço com músicas que não davam descanso em momento algum. Exemplo disso temos as “Ready to Fall”, o momento do Tim vocalista solto sem guitarras na porrada “Give It All” e o sucesso “Savior” para tirar o último suspiro.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Red Fang agradou o público que ainda chegava no Autódromo
O público ainda estava chegando ao evento embaixo de um sol bem quente quando o Red Fang abriu o palco Maximus com seu stone rock pesado quebrando um jejum de 2 anos após sua última vinda a capital Paulista. Apesar de um repertório enxuto, porém de extremo bom gosto, de sete músicas que incluíram faixas de todos os seus trabalhos como a abertura arrebatadora com "Blood Like Cream" do álbum “Whales and Leeches’’ de 2013, que fez muitos correrem para conferir o show que acabava de começar, “Malverde” do álbum “Murder the Mountains de 2011 e "Crows in Swine" sequenciaram este inicio de forma forte. As músicas possuem uma atmosfera que foi criada para lugares menores, porém, preenchem o lugar de uma forma única. As guitarras de Bryan Giles (e seus bons vocais) e David Sullivan possuem uma pressão absurda enquanto Aaron Beam com seu baixo faz uma cozinha ótima com John Sherman na bateria. O público que a banda adquiriu com seus álbuns e shows por aqui chamam a atenção; todos cantam as músicas. “Flies” do seu último álbum lançado no final do ano passado, “Only Ghost”, também marcou presença no repertório e empolgou bastante. A banda finalizou com “Prehistoric Dog”, que possui uma entrada com guitarras tão boas que ficam melhores do que em estúdio. Bryan disse para este site em uma entrevista na semana passada que queria angariar novos fãs com este show. Este objetivo foi alcançado.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Hatebreed fez um dos melhroes shows do Maximus Festival
O Hatebreed subiu ao palco para fazer um verdadeiro show de hardcore para ninguém colocar defeito. Jamey Jasta e seus amigos de banda provocaram o caos e esquentaram ainda mais o público que já sofria do calor do sol naquela hora. E ninguém se importou. O início arrebatador de “To The Threshold” com a violenta e “Destroy Everything” assinou o que seria a apresentação. O show não dava descanso. As músicas não tinham intervalo e o vocalista comanda uma sucessão de rodas, palmas e gritos. A galera conhecia tudo inclusive as músicas do seu último trabalho “The Concrete Confessional” de 2016 como foi o caso de “Looking Down the Barrel of Today” “Tudo bem São Paulo? Agora é a hora da verdadeira Moshpit” disse antes de anunciar a música. Músicas como “Last Breath” e “I Will Be Heard” deixa bem claro as suas influencias que passam do Metal Extremo ao Hardcore. A banda com um pouco mais de 20 anos de estrada e dez álbuns de estúdio se fortalece a cada show por aqui, arrematando cada vez mais fãs e seguidores. Que show!
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Pouco conhecida por aqui, Böhse Onkelz não despertou o interesse do público geral
Em seguida a banda alemã Böhse Onkelz, não tão conhecida por aqui, apresentou seu som de punk rock oitentista com algumas influencias ainda do rock alemão, assim digamos. A banda nascida nos anos 80 tinha interrompido suas atividades por nove anos até que em 2014 voltaram para uma série de shows. A banda não atraiu muito a atenção do público, já que o festival tinha muitos outros bons nomes pela frente.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Ghost apresentou aos fãs uma nova faceta de seu metal "do mal"
O Ghost deixou toda a teatralidade das suas últimas apresentações por aqui. O clima sombrio esteve presente apenas em suas músicas, pois, o sol ainda estava a forte quando a banda subiu ao palco. E além disso os integrantes parecem estarem mais soltos, principalmente os guitarristas que batem cabeça e tocam com mais clamor, e isso não se restringe apenas para eles; a banda inteira parece interagir mais. O que antes tínhamos a atenção voltada somente para o então “Papa Emeritus” e sua vestimenta acompanhada pelos demais, hoje, a banda se firma pela força das suas canções. E ótimas por sinal. Com o repertório praticamente baseado em seu último trabalho “Meliora” de 2016 tivemos as belíssimas “Square Hammer”, com vocais excepcionais, e “From The Pinnacle To the Pit”, com aquele baixo marcante do início, “Cirice”, que possui um início quase fúnebre mas ganha uma energia surreal quando a canção progride, e anunciada como “Vocês querem uma música realmente pesada?”  “Mummy Dust” que na opinião de quem escreve, foi a melhor canção do show pela interpretação vocal e guitarras. A música realmente merece uma atenção de quem ainda não a conhece. E ainda tiveram as canções mais antigas como a clássica “Ritual” e “Year Zero. Os suecos saíram do palco distribuindo beijos ao público. E a recíproca foi ainda maior dele para a banda. Tenha certeza.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
De volta ao Brasil, Rob Zombie fez show mediano no Maximus Festival
O metal industrial do Rob Zombie e sua trupe subiram ao palco embaixo do sol forte. Isso estragou todos os efeitos visuais que o artista possui para completar seu som. Rob subiu entusiasmado como de costume vestindo uma roupa que mais parecia um zombie cowboy platinado, e suas colegas quase na mesma vibe; mascaras e roupas de horror (horrendas). O show não empolgou tanto de início e o cantor e sua banda suaram para conseguir fazer o público se mexer. As primeiras faixas que incluíram “Dead City Radio and the New Gods of Supertown” e “In the Age of the Consecrated Vampire We All Get High” do último trabalho 'The Electric Warlock Acid Witch Satanic Orgy Celebration Dispenser' de 2016 soaram muito fracas para um início que deveria ser bombástico (ou a intenção). Até quando “Living Dead Girl” – antológica do álbum de estréia “Hellbilly Deluxe” de 98 - foi tocada não teve tanto efeito. Mas depois de muito esforço, até mesmo do performático guitarrista John 5, a banda conseguiu “salvar” o show com clássicos como “More Human Than human”, “Thunder Kiss ‘65” que teve um medley com “School’s out” da sua grande influência Alice Cooper, e a finalização com sua mais famosa faixa “Dragula”.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
O vocalista Ivan Moody comandou a galera no bom show do Five Finger Death Punch
A apresentação do Five Finger Death Punch foi uma das mais concorridas no Maximus Festival. A banda, que se apresentou dias antes no Rio e BH, entrou no palco ao som de "Mad As Hell" e começou a pancadaria com "Lift Me Up". Logo na primeira música já era possível ouvir todos cantando junto com o vocalista Ivan Moody e as rodas de pogo tomaram conta do local. Além de pancadas de álbuns mais antigos, como "Never Enough", do primeiro disco 'The Way of the Fist' (que completa uma década de lançamento)-, ainda rolou o já esperado cover de Bad Company. O show só esfriou um pouco em "Remember Everything", que foi apresentada em formato acústico, mas teve o coro da galera cantando juntinho na grade. Durante todo o show, os integrantes interagiram com o público fazendo piadas e incentivando o pogo nas rodas. De resto foi uma sessão de catarse coletiva que chegou ao fim na trinca poderosa "Coming Down", "Under And Over it" e, lógico, "The Bleeding". A banda deixou o palco aclamada pelos fãs ao som de "The House Of the Rising Sun".
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames 
Dupla pesada: Gary Holt e Kerry King em ação no Maximus
Brutal. Violento. Agressivo. Pesado. Faltam adjetivos para descrever o que foi o Slayer. O lugar era tomado de blusas pretas da banda por todo o dia. A espera pelo show era bem grande. E o que falar da banda de thrash metal mais pesada do planeta? Nada. Decanos de palco Tom Araya comandou o verdadeiro inferno no Maximus. A banda pouco falou com o público, na realidade, nem precisou. A escolha do repertório foi perfeita para saciar os fãs que tanto esperaram. A abertura violenta de “Repentless”, “Discipline” e “Postmortem” do albúm que é uma lenda do metal mundial 'Reign in Blood' de 1986 do não deixou pó sobre pó das inúmeras rodas de pogo que se formaram. Kerry King e Gary Holt possuem uma sinergia brutal absurda inigualável! O que pode ser dito da abertura de “Dead Skin Mask” e os riffs de “War Ensemble”? Novamente: nada. A dimensão da agressividade não é medida com tantas músicas que parecem que foram escolhidas a dedo para o evento: “Mandatory Suicide”, “Seasons in the Abyss” com todos cantando em coro e “Hell Waits” que pareceu ainda mais pesada ao vivo fechou a primeira parte do show. O bis não poderia ser mais aclamado e violento com “South of Haven” tirando berros da multidão em transe, “Raining Blood” fez do lugar uma única roda de pogo que os de fora só tinham como bater cabeça bem espremidos quando ainda teve “Black Magic” e a finalização com nada mais que “Angel of Death”. Mais perfeito, impossível.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Tom Morello fez todo mundo pular com sons do Rage Against The Machine
O Prophets of Rage finaliza sua turnê em grande estilo em solo nacional. A banda já tinha tocado em São Paulo e no Rio de Janeiro na última semana, porém, não em um festival. O supergrupo não apresentou novidades quanto ao repertório, mas isso não quer dizer que não foi uma grande apresentação. Foi uma apresentação surreal! Tom Morelo e seus companheiros de RATM com DJ Lord e o rapper Chuck D (Public Enemy)  e o rapper B-Real (Cypress Hill) renasceram os clássicos das bandas que fizeram parte, em especial, do RATM. Tom, como sempre, esteve presente com seus atos politizados, desta vez, usou o boné do MST e para enfatizar mais o “Fora Temer” atrás de sua guitarra foi exibido por algumas vezes levantando o coro em som uníssono. As músicas marcantes do festival se deram ao som de “Testify” do albúm “The Batlle of Los Angeles” de 1999 do RATM, que do mesmo álbum, ainda saíram “Guerrilla Radio”, com uma potência extrema com o público e “Sleep Now in the Fire” que possui uma catarse incrível com o tema e a atualidade política do Brasil. “People of the Sun” e “Bullet in the Head” fixam ainda mais a fúria das músicas do RATM quanto a expectativa do público em ouvi-las. E não tão distantes de deixar o público satisfeito, as rappers ainda animaram com medley de suas antigas bandas que incluiu trechos de “Hand on the Pump/Can’t Truss It/Insane in the Brain/Bring the Noise/I Ain’t Goin’ Out Like That/Welcome to the Terrordome/Jump Around” bem perto da galera, sim, na grade cumprimentando todos os próximos. Por ser uma banda que entrou em uma causa política não tiveram tempo em estúdio para gravar um trabalho, mas mesmo em turnê já toca suas músicas novas como foi o caso de “Unfuck the World”, super bem recebida pela plateia que se batia a cada música tocada. O fim se deu com “Bulls on Parade” do “Evil Empire” de 1996 (importante enfatizar que algumas músicas pedem aquele vocal de Jack. E este é o caso) e a matadora “Killing in the Name” que saciou a todos os presentes com um verdadeiro tributo político e ao RATM.
Foto: Alessandra Tolc/ARTS Live Frames
Chester Bennington comanda o Linkin Park com a bandeira do Brasil no fundo
O Linkin Park não é mais aquela banda de 20 anos atrás. Se reinventou. E isso ficou bem claro nesta noite. Os antigos fãs com certeza estranharam o que aconteceu neste show. Claro que podemos dizer que a banda se encontra na sua melhor fase sonora, até porque, a maturidade leva a isso, muitos dizem. Mas está além do que podemos ver. Em uma entrevista recente a este site o guitarrista da banda afirmou que o último disco da banda, que será lançado na próxima semana, é algo pessoal; que vem do coração. Sabendo disso, posso revelar que não foi só no CD que o coração foi sugado em forma de inspiração. Alguns dirão que a banda fez a parte inicial do show de forma branda, sem sal ou sem graça com faixas como “The Catalyst” e “Westelands”. Lembre-se: o frenesi adolescente foi diminuindo ao longo dos anos em seus álbuns, mas não a capacidade musical dos caras. Podemos reparar os vocais, ainda mais evoluídos de Chester em músicas clássicas como “Crawling” em uma versão linda somente com órgão, onde se destaca ainda mais sua capacidade vocal, e seu parceiro Mike Shinoda também não fica atrás com seus versos lançados em forma de rap como em “In the End” e “Burn it Down”. As novas músicas desfilam um tanto quanto só dentro do repertório, mas agrada uma boa parte dos presentes. “Good Goodbye” do novo álbum “One Step Closer” fica um pouco “fora” do contexto utilizado no repertorio pela banda. Talvez por ter uma falta absurda de guitarras e explosões pós refrão muito utilizado pela banda como faz em “Breaking in the Rabbit” bem próximo da execução da faixa. Ainda que o inicio do show não tenha sido impactante, o final da apresentação fez todos pularem bastante com “Faint”, “Numb” e Papercut” - uma sequência que só foi esfriada com o novo som “Heavy”, que como Mike disse “não estranhem, mas essa música não tem peso como o nome, mas é uma bela música nova”. Mesmo reinventado e tentando novos rumos em seu som o Linkin Park fez um show digno e que talvez não tenha agradado todos - principalmente aqueles que não entenderam que o tempo passa.
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