Scalene é uma das revelações da nova cena rock do Brasil "O rock não depende mais das rádios!" |
Por Bruno Eduardo
O Scalene será a primeira banda a subir em um dos palcos do Lollapalooza Brasil no domingo (29/3). O grupo acaba de se apresentar em Texas (EUA), no cultuado festival SXSW e ainda colhendo frutos de seu ótimo disco de estreia, Real/Surreal (lançado em 2013). Porém, o Scalene já prepara um novo vôo [leia a resenha de Real/Surreal AQUI]. Em exclusiva ao Rock On Board, o guitarrista Tomás Bertoni afirmou que o segundo disco banda - previsto para os próximos meses - será mais conciso e "Surreal", e, acredita que a banda enfim encontrou o som que sempre procurou. Leia abaixo a entrevista completa com essa, que é uma das bandas de rock mais originais da cena.
A ENTREVISTA: TOMÁS BERTONI (SCALENE)
O Scalene lançou Real/Surreal em 2013. Como vocês avaliam a repercussão do disco hoje, um ano e meio depois?
Muito boa! Foram mais de 80 shows desde o lançamento do disco. Fomos a vários estados que não tínhamos ido ainda, e os lugares que fomos mais de uma vez, o público crescia a cada apresentação. A mídia especializada elogiou bastante o disco e os clipes circularam bem no youtube e na TV. Estamos muito felizes com o trabalho feito até aqui.
Real/Surreal parecia contar histórias diferentes em cada CD. Real era mais dinâmico e Surreal mais denso. Hoje, após tanto tempo divulgando o disco, vocês podem dizer que estão mais para uma banda Real ou Surreal - musicalmente falando?
Bela pergunta. Estamos mais para uma banda Surreal, sem dúvidas.
O Scalene possui músicas com grande potencial de mercado. Porém, há uma certa barreira que impede as bandas de rock atuais de terem seu som veiculado em grandes rádios - principalmente nas denominadas de "rock". Como vocês enxergam isso?
Saiu uma matéria muito ruim no globo.com recentemente, falando que o rock estava no "underground" porque não tinha músicas no top100 das mais tocadas nas rádios. O rock já não depende da rádio há muito tempo. O fato de não ter muitas bandas de rock no top100 das mais tocadas não quer dizer muita coisa, pois o rock continua aí firme e forte. Além disso, está caríssimo tocar em rádio. O custo-benefício já não é mais tão interessante, e vale muito mais investir em estratégias mais modernas e baratas do que em rádio. Sobre as estações especificamente de rock, elas estão cavando a própria cova se não tocarem bandas novas. Basta ver a força da 89FM de SP, que abre espaço para lançamentos e músicas modernas - tantos nacionais quanto internacionais. Ficar tocando só Deep Purple (nada contra a banda) e fazendo propaganda disseminando essa cultura separatista ridícula do rock, que nem aquele comercial do exorcismo da Kiss FM, ninguém merece!
Vamos falar sobre o disco novo. Quando será lançado e o que podemos esperar em termos de sonoridade?
Estamos definindo os detalhes finais das datas, mas vai sair entre abril e maio. Será um disco bem mais conciso, puxado mais pro nosso lado "Surreal" do que "Real". Estamos chegando perto do som que sempre imaginamos pra banda. Estamos orgulhosos das novas composições.
Ele já tem título?
Estamos em dúvida entre duas opções. Por isso não definimos ainda.
O Lollapalooza desse ano tem algumas das bandas mais legais do nosso cenário, como é o caso de vocês, do Far From Alaska e do Boogarins, por exemplo. Gostaria que falassem sobre a experiência de tocar no evento e da importância desse momento para a banda.
O respaldo foi imediato assim que o line-up foi anunciado e a repercussão só cresceu desde então. No Lolla vamos dividir o palco com o Far From Alaska pela sétima ou oitava vez. Eles são muito bons e admiramos muito o trabalho deles. O Boogarins está fazendo turnês mundiais e já ganharam alguns prêmios. Já nos cruzamos algumas vezes na estrada também e são excelentes ao vivo. Não sei do que falar sobre a experiência de tocar no evento porque nunca tocamos em um festival desse porte. Dia desses comentei com alguém que deve ser como tocar em um Porão do Rock só que tudo multiplicado por cinquenta. Para o Scalene veio no momento perfeito, o SXSW também vai ser um belo desfecho pra esse período do Real/Surreal para logo depois começar o lançamento do trabalho novo [a banda toca no festival americano antes do Lolla]. Antes que galera desespere ao ler a entrevista, vamos continuar tocando músicas do R/S pra sempre ao vivo, tá? (risos).
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